HISTÓRIA DO PRÓ-MEMÓRIA
A Associação Pró-Memória de Sumaré é uma entidade sem fins lucrativos que tem como focos principais a preservação, conservação e divulgação da história da cidade. Realiza um amplo trabalho com estudantes, professores, pesquisadores e a comunidade em geral para fomentar o conhecimento e a pesquisa de todos os aspectos históricos do Município de Sumaré.
Promove exposições públicas com documentos, fotografias e palestras em escolas, comunidades de bairro e empresas.
A entidade foi fundada em 14 de janeiro de 2004 e conta com um acervo formado por documentos, fotografias e objetos pertencentes a famílias, autoridades e Poder Público.
Possui um valioso acervo fotográfico, a maioria delas digitalizadas e identificadas, que ultrapassa a soma de 8.000 unidades.Há centenas de documentos históricos, dentre eles o abaixo-assinado para emancipação de Rebouças, relatórios da Companhia Paulista de Estrada de Ferro à época de sua inauguração, cadernos e textos que revelam a movimentação da Câmara de Vereadores desde sua instituição. Há também estudos sobre o crescimento do Município de vários autores e exemplares de vários jornais, desde 1940, além de livros de Campinas, Sumaré e Região Metropolitana de Campinas.
A entidade mantém um acervo de livros, teses e publicações em geral de Sumaré e Região, sobre Cultura, Política e História. Há livros, Cds e DVs à venda, cujos recursos são revertidos para a manutenção e expansão das atividades.
O atendimento ao público é diferenciado. Os historiadores da entidade colocam-se à disposição dos interessados para esclarecimentos de dúvidas.
A Pró- Memória conta com o apoio institucional da Prefeitura e Câmara de Vereadores. É mantida por associados e comunidade além de patrocinadores culturais. Mantém, desde sua fundação, uma publicação dominical com textos e fotografias no Jornal Tribuna Liberal.
Seu atual presidente é o historiador Francisco Antonio de Toledo, que tem três livros publicados sobre a cidade.
A Pró-Memória atende gratuitamente toda a população de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h30 na Rua Antonio de Carvalho, nº. 44 (sala 14).
ASSOCIAÇÃO PRÓ – MEMÓRIA DE SUMARÉ
Fundada em 14 01 2004 – Entidade sem fins lucrativos – Sumaré (SP)
Rua Antonio de Carvalho 44 Sala 14 – Centro – Sumaré (SP) - Cep 13170 – 220
CGC: 07.136.964/0001- 00
ROTEIRO HISTÓRICO-TURÍSTICO DE SUMARÉ
1. Ribeirão Quilombo
A informação mais antiga que se tem sobre Sumaré refere-se ao Ribeirão Quilombo. Um documento de 1799 fala sobre esse curso d´agua. Nas escrituras das antigas sesmarias e fazendas desta região, o Ribeirão Quilombo servia como referência geográfica: “perto do ribeirão Quilombo”, “terras cortadas pelo ribeirão Quilombo”,”faz divisa com o ribeirão Quilombo” etc. Todas as terras banhadas por esse ribeirão eram denominadas região do Quilombo”, ou simplesmente Quilombo.
Ele nasce no município de Campinas, nas terras do Quartel, atravessa a Rodovia Anhanguera, passa por Nova Veneza, depois pela cidade de Sumaré, Nova Odessa, Americana e deságua no rio Piracicaba. Até nos anos 50 o Quilombo era limpo e tinha muito peixe. Os meninos de Sumaré nadavam em suas águas e as mulheres aí lavavam a roupa de casa.
A palavra Quilombo lembra um grupo de escravos fugidos da opressão da senzala. Não se tem certeza se este ribeirão se chama Quilombo por ter existido algum reduto de negros em suas margens. Quilombo era um topônimo muito comum em todo o Brasil.
Sabe-se que os viajantes do Brasil antigo paravam à noite para fazerem sua refeição e dar bom pasto aos seus animais. Onde hoje está a cidade de Sumaré era o cruzamento de rotas – ou estradas e trilhas - que ligavam Monte-Mor, Santa Bárbara, Piracicaba, Limeira... Era natural que este local fosse um lugar de parada. Quando se pensou na construção da ferrovia ligando Campinas ao interior, o local escolhido para leito da estrada-de-ferro e para a Estação, foi a margem do Ribeirão Quilombo. Não havia lugar mais próprio.
O Quilombo faz parte da bacia do Rio Piracicaba.
2. Estação de RebouçasEm 1875 foi construída a Estação. Era uma necessidade. Toda produção econômica da região do Quilombo, incluindo as fazendas do atual distrito de Nova Veneza, da atual Hortolândia, da atual Taquara Branca, Cruzeiro e Nova Odessa, era escoada pela Estação de Rebouças.
Milhares de sacas de café foram embarcadas em Rebouças com destino ao porto de Santos, como também outros produtos, como tijolos, carne bovina e suína, algodão, batata, aguardente, que iam para Campinas, São Paulo e outros centros comerciais. Pela estação chegavam, por sua vez, ferramentas agrícolas, sal, produtos industrializados, sem esquecer as centenas de passageiros que embarcavam e desembarcavam diariamente, e o correio.
O transporte de Monte-Mor para Campinas era mais fácil e rápido via Rebouças – pela ferrovia - do que por estrada de rodagem, que era muito precária.
A Estação foi responsável pelo crescimento econômico de Rebouças nos seus primeiros 50 anos. O surto de produção e comércio foi tanto que, em 1916, se precisou construir outra estação em lugar da primeira, já pequena para atender a demanda comercial do povoado.
Foi ao redor da Estação que a Vila de Rebouças nasceu e cresceu. O núcleo urbano de Sumaré é a Estação. Havia fazendas espalhadas por toda a região, mas a cidade nasceu a partir da Estação, com suas primeiras casas e ruas centrais. Não é à-toa que uma das primeiras ruas, ou a primeira rua de Sumaré, se chamava Rua da Estação. Quem vinha dos lados de Monte-Mor pela Rua Sete, e quem vinha dos lados do Sertãozinho, pela velha estrada do Sertãozinho, desembocava na Estação. Ela estava no vértice do triângulo e para ela convergiam necessariamente as duas antigas estradas.
3. A Igreja
A primeira capela de Sumaré foi construída em 1889. E tinha como padroeira Sant’Ana. A data oficial da fundação de Sumaré é 26 de julho de 1868. Essa data foi escolhida porque se acreditava que a primeira capela tinha sido construída nesse ano. Todavia, não existe nenhum documento que comprove essa data.
A primeira igrejinha ficava aproximadamente onde está hoje a estátua do Coração de Jesus, em frente à Igreja Matriz. Em 1904 foi demolida a primeira igreja, já pequena para abrigar o povo, e construída outra um pouco maior ao redor da primeira. A atual igreja Matriz foi inaugurada oficialmente em 1950, mas concluída vários anos depois.
Até 1914 não havia um padre responsável pelas atividades religiosas. Ele vinha de Campinas, porque a Igreja de Sant’Ana pertencia à Paróquia do Carmo, de Campinas. Nesse ano tornou-se paróquia e teve o seu primeiro pároco.
A atual Igreja de Sant’Ana teve como arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, conhecido no Brasil inteiro, por ter sido ele quem projetou a Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida. O terreno onde está a igreja foi doado por Atílio Foffano.
4. Centro de Memória - antiga SubprefeituraEste prédio é um dos mais antigos da cidade. Foi construído em 1913, para ser a sede da Subprefeitura de Rebouças. Rebouças era distrito de Campinas. Em 1937 o prédio foi ampliado e adaptado para moradia do fiscal.
O prédio é importante também porque nele funcionaram a Prefeitura e a Câmara de Sumaré de 1955 a 1964. Neste ano se transferiram para o prédio atual na Rua Dom Barreto.
Depois de 1964 o prédio serviu para a Biblioteca Municipal, para o Curso de Admissão ao Ginásio Estadual, para as salas de aula do Colégio Comercial. Durante 20 anos (1971-1990) foi o Pronto Socorro Municipal, e de 1990 a 1996 foi o Departamento de Saúde e Higiene. Foi tombado pelo CONDEPHAEA em 1997 e transformado no “Centro de Memória Thomas Dedona”. Hoje é a sede da Secretaria Municipal de Cultura.
5. Bar PaulistaEsse prédio se localiza bem no centro de Sumaré, na esquina da Rua Sete de Setembro com a Rua Antonio Jorge Chebabi. É o mais antigo prédio da região central da cidade, pois foi construído em 1904. Tem mais de 100 anos! Dizem que no terreno onde ele se ergue havia um grande formigueiro. Seu dono, Antonio do Valle Mello, não conseguia de maneira alguma acabar com as formigas. Então teria dito ao amigo Atílio Foffano que, se ele acabasse com o formigueiro, lhe daria o terreno para construir ali um prédio. Atílio aceitou o desafio, acabou com as formigas e construíu o sobrado. que está de pé até hoje. Custou 14 contos de réis. Uma fortuna na época !
Atílio Foffano morou nele com sua família até 1908, quando o vendeu e foi embora para a Itália. Mais tarde retornou a Rebouças. O povo chamava o prédio de Sobradão do Atílio, e o nome atravessou décadas. No andar térreo funcionou, durante muitos anos um bar, que foi passando de um proprietário para outro. Mas, o nome do bar nunca mudou. Chamava-se Bar Paulista. Até hoje o prédio é chamado assim.
Nos anos 70, o prédio foi comprado pelo Clube Recreativo Sumaré e se transformou num belo espaço de lazer, incorporado à velha sede do Recreativo, que ficava ali do lado. Desativado alguns anos depois, o Clube esteve prestes a vendê-lo a uma grande empresa comercial que iria derrubá-lo. A população se mobilizou, e a Justiça acabou sustando a venda, por se tratar de um monumento histórico, que deverá ser tombado como patrimônio da cidade.
6. Casarão do SertãozinhoFica no fim da Rua Marcelo Pedroni. Chama-se assim porque foi a sede da antiga Fazenda Sertãozinho, que tinha mais de 200 alqueires. Hoje o casarão faz parte do Condomínio “Parque da Floresta”.
O casarão foi construído por volta de 1870, no tempo da escravidão, no tempo da grande produção cafeeira da região de Campinas. Segundo um especialista no assunto, trata-se de um casarão com caracteristicas arquitetônicas singulares, apesar das linhas simples. Tem quase 300 metros de construção muito bem feita, “construída com tijolos, forrada e assoalhada”, como diz uma escritura de 1880. Embutidos na parede havia finos tubos de cobre, por onde circulava gás para alimentar lampeões, nos vários cômodos da casa. Em frente ao casarão havia um grande terreiro tijolado para secar café, e atrás havia um belo pomar cheio de árvores frutíferas. A água para consumo doméstico e para os animais vinha, por baixo da terra, de uma nascente situada na parte alta do terreno.
Parece improvável que houvesse escravos no sítio Sertãozinho, pois a escritura de 1880 se refere à venda de uma “casa de morada, casa de empregados, serra, máquina de algodão movida a vapor e outras benfeitorias”. Se houvesse escravos, o texto certamente falaria deles, pois era comum os escravos serem vendidos junto com a propriedade, e isso constava na escritura de venda. Não se fala também de senzala, que sempre era nomeada no documento de compra e venda, quando havia.
BREVE HISTÓRIA DE SUMARÉ
A SESMARIA ONDE NASCEU SUMARÉ
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, só tinham uma preocupação: produzir mercadorias para o mercado europeu e encontrar ouro. Naquela época, uma das mercadorias mais caras do mundo era o açúcar. Como no Brasil havia muita terra e pouca gente para trabalhar, e como ninguém queria vir para o Brasil, o rei de Portugal dividiu o país em grandes porções de terra, chamadas capitanias e as deu aos seus amigos para cuidarem delas, plantarem e produzirem. Esses homens eram chamados donatários ou capitães.
O donatário, por sua vez, podia doar terras a seus amigos, e essas terras eram chamadas sesmarias. Uma sesmaria chegava a ter até 6,2 mil alqueires de terra. Um alqueire paulista mede 24 mil metros quadrados. Era muita terra!
O costume de doar sesmarias durou até 1822, ano da independência do Brasil. Quando a sesmaria era doada a alguém, fazia-se uma escritura, que era guardada para documentar essa doação.
É justamente nesse documento, chamado Carta de Sesmaria, que está a primeira referência ao Ribeirão Quilombo, o curso de água que atravessa Sumaré até os dia de hoje, e em cujas margens nasceu a cidade. Essa sesmaria foi doada em 1799. Esse é, até agora, o documento mais antigo da história de Sumaré.
Nessa época, já existia a cidade de Campinas, que em 1797 tinha 2 mil habitantes. O Brasil ainda era colônia de Portugal.
AS FAZENDAS
O progresso caminhava da Vila de São Paulo, hoje capital do Estado, para o interior paulista, seguindo as trilhas dos bandeirantes e dos tropeiros. Chegou até Jundiaí, depois Campinas, onde se criava gado, se produzia açúcar, arroz, feijão, milho... Na própria região do Quilombo houve várias sesmarias. Região do Quilombo era formada por todas as terras próximas do Ribeirão Quilombo, de Campinas até Americana atual. Quando o dono de uma sesmaria falecia, ela era dividida em fazendas entre seus herdeiros. As fazendas mais antigas de Sumaré têm essa origem, como, por exemplo, as fazendas Candelária, Palmeiras, São Francisco, Quilombo, Paraizo, Sertãozinho e outras.
Aí pelos anos de 1850, as fazendas da região de Campinas (hoje Barão Geraldo, Betel, Joaquim Egídio, Valinhos, Paulínia, Sumaré e outras) produziam muito café. Era a região mais produtora de café do Brasil.
Nas fazendas, quase todo o trabalho era feito pelos escravos, embora houvesse também trabalhadores livres, geralmente imigrantes.
Milhares e milhares de sacas de café eram colhidas e transportadas até ao porto de Santos para serem exportadas. Tudo era transportado em lombo de burro naquele tempo. Eram tropas de cem ou mais bestas, que demoravam quinze dias para chegar ao destino.
Em 1872 foi inaugurada a Estação Ferroviária de Campinas, ligando-a ao porto de Santos. O transporte das mercadorias ficou mais fácil e barato.Os cafeicultores ficaram felizes. Passaram a ganhar muito mais dinheiro.
Foi então que os fazendeiros de Rio Claro, Santa Bárbara, Limeira, Piracicaba e região resolveram construir também eles uma ferrovia que passasse perto de suas fazendas, para transportar o café. Assim, em 1875, foi inaugurado o primeiro trecho da ferrovia Campinas-Santa Bábara d’Oeste, que depois chegou até Rio Claro.
Entre Campinas e Santa Bárbara a Companhia Paulista construíu uma estação, que foi chamada Estação de Rebouças. Era o ano de 1875. Esse nome foi dado em homenagem ao engenheiro responsável pela construção da ferrovia, Antonio Pereira Rebouças Filho, que tinha morrido no ano anterior, quando trabalhava na construção da estrada. Ele era um engenheiro negro, com cursos na Europa, e famoso por suas obras de engenharia no Rio de Janeiro, junto com seu irmão André. Nesse tempo, o Brasil era Império e quem governava era Dom Pedro II, que esteve presente na inauguração da ferrovia, e passou por aqui.
Ao redor da estação foram então aparecendo algumas casas. Logo depois, as ruas e o povoado. As ruas eram as atuais Avenida Sete de Setembro, Bandeirantes, Antonio Jorge Chebabi e Antonio do Valle Mello. A estação passou a ser o ponto de referência. Pessoas que embarcavam e desembarcavam do trem; mercadoria que era carregada e descarregada; gente que parava para ver o trem passar. Era uma cidade que nascia. No começo o povoado ser chamava Estação do Rebouças, depois Vila Rebouças, depois simplesmente Rebouças.
Em 1889, no mesmo ano da proclamação da República, foi inaugurada a primeira capela. Ela ficava 200 metros acima da Estação, onde hoje está a imagem do Cristo, na Praça da República. A igreja Matriz atual foi inaugurada em 1950, e desde o começo levou o nome de San’Ana., padroeira do Município.
A CIDADE CRESCE
Aos poucos Rebouças foi crescendo. Muito devagar nas primeiras décadas. A vida era mais rural que urbana. Os primeiros moradores eram portugueses e italianos, ou descendentes deles. Uns moravam na vilas, outros nos sítios ou nas fazendas próximas.
Na vila foram aparecendo armazéns de secos e molhados, ou vendas, como eram chamados, padaria, açougue, oficina de ferrar cavalo, máquina de beneficiar arroz e café, fábrica de bebidas, loja de armarinhos, farmácia.... Na zona rural havia engenhos de pinga e açúcar, serrarias, monjolos, moinhos de fubá, olarias, sem contar as fazendas que produziam café, algodão e gado.
Nas fazendas havia os escravos negros, que trabalhavam na lavoura e dentro de casa. Não havia muitos escravos em Rebouças, porque a escravidão estava acabando, e se começava a introduzir o trabalho livre.
Nessa época havia uns 10 mil escravos em Campinas, espalhados pelas fazendas de Rebouças, Jacuba, Joaquim Egídio, Souzas, Valinhos e outras.
IMIGRANTES
Os primeiros imigrantes portugueses de Rebouças pertenciam à família Valle Mello, Raposeiro, Pereira, Aranha, Miranda, Teixeira, Leite, Duarte e outros. Os imigrantes de origem italiana eram da família Noveletto, Guidotti, Biancalana, Franceschini, Foffano, Bosco, Basso, Breda, Montanher, Menuzzo, Ravagnani e outros. Vieram também alguns imigrantes russos, alemães, austríacos, espanhóis, norte-americanos e outros.
Naquele tempo o território de Rebouças era muito grande. Abrangia todas as terras que hoje pertencem a Hortolândia, Nova Veneza, Matão e Nova Odessa. Nesses lugares havia muitas fazendas e sítios. Em Hortolândia havia a grande fazenda Terra Preta, que hoje são os bairros Amanda I, II e III. Em Nova Veneza, as fazendas Quilombo, São Luis, São Bento, Barreiro; no Matão havia o Tijuco Preto; em Nova Odessa a Fazenda Velha, o Engenho Velho e o Paraizo. Ao redor de Rebouças, as fazendas Sertãozinho, São Francisco, Palmeiras e outras.
Rebouças pertencia a Campinas. Mas, em 1909 tornou-se Distrito de Paz, tendo então seu primeiro Cartório, onde se faziam os casamentos civis e o registro de nascimento e de óbitos. Nessa época a população era de mais ou menos 300 pessoas. Em 1910 já havia escola, subdelegacia de polícia, cadeia, banda de música e subprefeitura (1913).
O prédio onde funcionava a subprefeitura existe até hoje, pertence ao patrimônio público e fica na Praça da República. Até 1930 Rebouças tinha menos de 1.000 habitantes, umas 250 casas, 5 ruas e o largo da Matriz.
Antes de 1914 não havia água encanada em Rebouças. Todas as casas tinham poço no quintal, donde se tirava água para beber, cozinhar, tomar banho e lavar roupa. Muitas mulheres lavavam roupa no Ribeirão Quilombo, que a punham na grama para coarar.
REBOUÇAS VIRA SUMARÉ
Em 1945 Rebouças mudou de nome e passou a se chamar Sumaré. É que saíu uma lei federal proibindo daí para frente a existência de duas cidades com o mesmo nome. Como havia outra Rebouças no Paraná, os moradores daqui resolveram procurar outro nome. Sumaré é o nome de uma orquídea amarela, com pequenas manchas marrons, muito comum na redondeza. Hoje ela é quase desconhecida por aqui.
Até 1991 o município de Sumaré era formado por três núcleos de povoamento: Nova Veneza (que incluía o Matão e a Área Cura de hoje), Hortolândia e a cidade de Sumaré.
Nova Veneza era formada por algumas fazendas muito antigas. Depois de 1910 várias famílias de imigrantes compraram terras nesse lugar, que logo foi se desenvolvendo. Apareceram então escola, igreja, casas comerciais, olaria... Em 1946 a 3 M se instalou às margens da rodovia Anhanguera e outras empresas vieram em seguida para Nova Veneza, atraindo muitos migrantes. A população cresceu rapidamente. Em 1960 o bairro tinha 2.000 habitantes, em 1970 tinha 4.000, em 1980 37.000 e em 1990 perto de 80.000.
Hortolândia se chamava antigamente Jacuba. Era um bairro de Rebouças. Nos tempos antigos Jacuba era passagem e parada de tropeiros ou viajantes que iam ou vinham de Monte-Mor em direção a Santa Bárbara, Piracicaba, passando pelo Cruzeiro.
Em 1917 foi inaugurada a Estação Ferroviária de Jacuba. Em 1947 a vila começa a crescer por causa da abertura do primeiro loteamento. Em 1958 ela mudou de nome e passou a se chamar Hortolândia, Em 1960 Hortolândia tinha 6.000 habitantes, em 1970 passou para 14.000, em 1980 para 33.000 e em 1990 para 82.000. Esse enorme crescimento se deveu à migração. Em 1991 Hortolândia ficou independente de Sumaré, tornando-se municipio.. Hoje tem perto de 160.000 habitantes.
Depois que Hortolândia se emancipou, a vida econômica de Sumaré ficou prejudicada. A arrecadação de impostos caíu muito, porque as maiores empresas ficaram em Hortolândia. Além das antigas indústrias, como 3 M do Brasil, Schneider, Teka (antes Texcolor), Assef Malu, Villares (antes Eletrometal), Sherwim Willians, nesses últimos anos têm vindo para Sumaré várias empresas, como a Honda, a Amanco-Fortilit, a Pastifício Selmi, a Mercúrio, a IC Transportes, a Matis Sumaré (hotel) e outras.
A CIDADE CRESCE: VEM GENTE DE TODO LADO
Sumaré foi crescendo e se desenvolvendo. Em 1953 ficou independente de Campinas e logo elegeu o primeiro prefeito e os primeiros vereadores. Como muitas indústrias vieram se instalar no município, vieram também milhares de pessoas para Sumaré à procura de trabalho. São os migrantes, em geral de baixa renda, que aqui não encontraram condições de sobrevivência. A grande explosão demográfica dessas décadas ajuda a entender, em parte, os graves problemas que hoje Sumaré enfrenta, sendo o principal deles a violência. Assim, a população da cidade, que era de 10.000 habitantes em 1960, passou para 23.000 em l970, 101.000 em 1980 e 226.000 em 1991 (com Hortolândia). Hoje (2005) Sumaré tem perto de 220.000 habitantes, incluindo Nova Veneza e Matão.
Sumaré continua sendo um município muito industrializado. Quase toda a sua riqueza provém das indústrias grandes e pequenas. Mas, até 1950, aproximadamente, a riqueza de Sumaré vinha da lavoura e da pecuária. Aqui se produzia muito café, milho, batata, arroz, como também muito gado bovino, suíno, e aves. O município produz atualmente muita cana de açúcar e tomate, O comércio e os bancos são também importantes para a economia local. Tradicionalmente fraco, o comércio cresceu muito nos últimos anos, com a chegada de grandes lojas e magazines.
HABITAÇÃO – FAVELAS
Por causa do crescimento rápido da cidade, muitas pessoas que vieram de fora, à margem do mercado de trabalho, não tiveram condições de ter casa própria ou de pagar aluguel. Foram parar na favela. Por isso Sumaré tem hoje milhares de favelados. Pesquisa feita em 1997 registrava a presença de 7.108 famílias residindo em favelas, o que perfaz um total aproximado de 28.000 favelados. A miséria gera doença, criminalidade e violência.
QUILOMBO
O Ribeirão Quilombo nasce nas terras do Exército, em Campinas, passa pelo bairro do Matão e pelo bairro Maria Antonia, atravessa a rodovia Anhanguera, passa atrás da Tema Terra e por Nova Veneza, chegando a Sumaré. Atravessa em seguida Nova Odessa, segue em direção de Americana e deságua no rio Piracicaba.
Quilombo lembra um grupo de negros fugidos da escravidão. Existiram centenas de quilombos no Brasil e em Campinas houve também vários quilombos. É possível que o Ribeirão Quilombo tenha esse nome por causa de algum grupo de escravos fugidos das fazendas vizinhas. Mas não se sabe com certeza.
Até os anos 60 o Quilombo era limpo e cheion de peixes. Muita gente pescava nele, os meninos nadavam pelados em suas águas, animais matavam aí sede. Hoje ele está totalmente poluído.
PREFEITOS E VICE-PREFEITOS DE SUMARÉ
1955 - 1958
Prefeito Padre José Giordano
Vice Oreste Ongaro
1959 - 1962
Prefeito Dr. Leandro Franceschini
Vice Henrique Pedroni
1963 - 1966
Prefeito José Miranda
Vice Modesto Lanati
1967 - 1969
Prefeito João Smânio Franceschini
Vice Euclides Miranda
1970 - 1972
Prefeito Aristides Moranza
Vice Modesto Lanati
1973 - 1976
Prefeito João Smânio Franceschini
Vice Euclides Miranda
1977 - 1982
Prefeito Paulo Célio Moranza
Vice Antônio Pereira de Camargo Neto
1983 -1988
Prefeito José Denadai
Vice Roberto Cordenonsi
1989 -1992
Prefeito Paulino José Carrara
Vice Álvaro Ferreira
1993 - 1996
Prefeito José Denadai
Vice Adauto João Campo Dall’Orto
1997 - 2000
Prefeito Antonio Dirceu Dalben
Vice José Antonio Bachim
2001 - 2004
Prefeito Antonio Dirceu Dalben
Vice José Antonio Bacchim
2005 - 2008
Prefeito José Antonio Bacchim
Vice Juliano Camargo
2009 - 2012
Prefeito José Antonio Bacchim
Vice Vilson Oshin Alves
2013 - 2016
Prefeito: Cristina Conceição Bredda Carrara
Vice: Luiz Alfredo Castro Ruzza Dalben
2017 - 2020
Prefeito: Luiz Alfredo Castro Ruzza Dalben
Vice: Henrique Stein Sciascio
2021 - 2024
Prefeito: Luiz Alfredo Castro Ruzza Dalben
Vice: Henrique Stein Sciascio
2025 - 2028
Prefeito: Henrique Stein Sciascio
Vice: André Fernandes Pereira
Para completar as informações sobre a História de Sumaré, pode-se consultar com proveito:
TOLEDO, Francisco Antonio. Uma História de Sumaré. Da Sesmaria à Indústria. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp),1995.
________ , História da Paróquia de Sant’Ana, Multigraf, Sumaré, 1998
________, Pedaços de História. Edição xerografada, Sumaré, 1995.
NEGREIROS, Rovena e TEIXEIRA, Marina Piason. Município de Sumaré, in Região Metropolitana de Campinas. CANO,Wilson e BRANDÃO Carlos A. (org.), vol. 2, Editora da Unicamp, 2002.